Passagens - Campos do Jordão

CAMPOS DO JORDÃO

Campos do Jordão se orgulha de ser uma das raras cidades do Brasil que ainda têm as quatro estações do ano bem definidas. O início do inverno chega quando as folhas dos plátanos que amarelaram durante o outono já estão todas no chão. Mas o grande fenômeno que ocorre nesta época do ano na cidade está ligado o outro tipo de natureza: a humana. Basta observar o congestionamento que chega a atingir vários quarteirões na vila de Capivari, o centro da farra jordanense. As unidades móveis de FMs brigando por decibéis no meio da rua. A enxurrada de amostras grátis de tudo quanto é produto sendo despejado pelas mesas dos bares que ocupam a Macedo Soares - a rua do Boulevard Genéve - que há treze anos ocupa o posto de centro do animado caos na cidade. Campos do Jordão é, há tempos, uma espécie de Cancún do inverno. Chama-se Campos do Jordão Market Plaza e conta com dezoito lojas da mais fina estampa, como a Náutica, H. Stern, Evolução, Fendi, Mezzo Punto e Giovanna Baby. Campos do Jordão é, enfim, um grande mostruário. Afinal, que outro lugar do Brasil tem uma concentração tão grande de bólidos estrangeiros quanto o Boulevard Genéve?

Nem esse trânsito, nem as filas quilométricas na porta da eleita danceteria mais quente da temporada chegam a ser desanimadores para quem freqüenta a cidade. Um programa bem diferente do que faziam os primeiros visitantes da estância há menos de um século. No lugar das Alicias Silverstones lindas e loiras e dos rapazes que vestem camisas listradas e desfilam grossos sobretudos e garrafas de Jack Daniel’s debaixo do braço, lá funcionava a sucursal do paraíso para as pessoas que não esbanjavam tanta saúde assim: os tuberculosos.

Localizada a 1 700 metros de altitude, na Serra da Mantiqueira, Campos do Jordão é uma das cidades mais altas do país. O pintor Lasar Segal, que também chegou a morar em Campos do Jordão, teve seu quadro Floresta Ensolarada inspirado na paisagem da cidade. Não é à toa que a cidade é palco, pela vigésima sétima vez, do Festival de Inverno, que traz ao belíssimo auditório Cláudio Santoro desde figuras da MPB até atrações internacionais de música erudita. No parque ao redor do auditório há o Museu Felícia Leirner, com 86 esculturas expostas ao ar livre que foram doadas pela artista no período em que morou na cidade, de 1960 a 1990. A mansão do também artista plástico Wesley Duke Lee sedia, pelo terceiro ano, a Mostra de Arquitetura e Decoração, a Moad, com ambientes decorados por arquitetos de renome. E ainda no roteiro das artes, há que se mencionar o Palácio Boa Vista, residência de inverno do governador, que tem um belo acervo de arte modernista, incluindo treze obras de Tarsila do Amaral, além de Volpi, Anita Malfati, Di Ca-valcanti e Portinari.

Quem conseguir sair ileso dos embalos da noite anterior pode começar o roteiro geração saúde pela escalada na Pedra do Baú. Cartão-postal da cidade, ela tem 1 950 metros de altitude e para se chegar ao topo é preciso enfrentar nada menos que 370 degraus de ferro incrustados na pedra. A recompensa é assistir de camarote a imensidão da Serra da Mantiqueira.

De bicicleta, as trilhas preferidas são a Três Matas e Três Tombos (sugestivo, não?), que começam no alto do Morro do Elefante. Este, aliás, é um dos melhores mirantes da cidade e uma opção para se chegar lá confortavelmente é o teleférico, atração predileta dos turistas-de-fim-de-semana, que não costumam vir a Campos durante a temporada. Para enxergar ainda mais longe, o Pico do Itapeva, a 11 quilômetros de Capivari, tem um visual que alcança treze cidades do Vale do Paraíba. É nessa região, também, que os amantes do motocross se reúnem para empreitadas mais radicais, como subir e descer em alta velocidade os íngremes morros do local.

Mesmo com tantas opções de vida saudável, o grosso da população de inverno costuma despertar para a vida só lá pelas cinco horas da tarde. O movimento aumenta na exata proporção que o termômetro da praça abaixa. Aliás, como já se viu, qualquer manobra é permitida em nome do agito da temporada, inclusive montar uma minimetrópole no alto da Mantiqueira. No fim da tarde, os termômetros costumam marcar cerca de 7 graus e, depois disso, despencar até zero grau na madrugada. Guarde para o inverno do Chile, pois em Campos não neva…

Todos os anos, a boa música compõe o cenário cultural da cidade. Com apresentações de grandes nomes da MPB e da música erudita, o 27º Festival de Inverno de Campos de Jordão acontece de 6 a 28 de julho. As apresentações são realizadas no Auditório Cláudio Santoro, na Praça São Benedito, em Capivari, e no Anfiteatro Camargo Guarnieri.

A cidade fica no meio do caminho entre São Paulo e Rio de Janeiro. Do Rio, é só fazer o caminho inverso. Prove os deliciosos chocolates caseiros da cidade. O da Montanhês (Praça do Boulevard Genéve) é o mais conhecido. Há, também, uma grande variedade de doces caseiros maravilhosos, como os da Lenz Cake, tel.: Aproveite também para levar para casa geléias caseiras, como as da Geléia dos Monges (R. Tadeu Rangel Pestana, 506).

Não há jeito de escapar do carro, já que tudo fica meio afastado. Quem optar pelo ônibus tem várias opções de horários saindo do Rio ou de São Paulo. Sem carro, fica complicado movimentar-se na cidade.

PASSEIOS

Palácio Boa Vista - a residência de inverno do Governador está aberta para visitação pública diariamente das 10 às 12 horas e das 14 às 17 horas, tel.: (012) 262-1122.

Pedra do Baú - Tem 1 950 metros de altitude e uma vista maravilhosa da cidade. A Montanhismus promove escala das e passeios na região. Tel.: (012) 262-2590, próximo ao Hotel Toriba, aluga cavalos de boa estirpe. Em vários pontos da estrada para o Horto Florestal também há aluguel de cavalos.

Trem Turístico para Santo Antônio do Pinhal - O passeio de duas horas e meia de duração oferece uma das mais belas vistas da Mantiqueira.

Passagens aéreas, pacotes, viagens e turismo é com a STW Turismo