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PORTO

Charmosas ruas medievais, mansões barrocas e igrejas cobertas de azulejo. Foram coisas assim, emolduradas por uma atmosfera nostálgica peculiar, que renderam ao Porto o título de Patrimônio da Humanidade em 1996.

É verdade que, por influência de ingleses que se estabeleceram na cidade há quase 300 anos, controlando o comércio do vinho do Porto, o portuense é uma espécie de português à milanesa. O vinho do Porto, que é produzido ao longo do Rio Douro há três séculos, também. Na hora do almoço, toda espécie de perfumes culinários se fundem na medieval Ribeira. As portas, quase sempre entreabertas, deixam escapar o aroma da cebola assada junto com o bacalhau (quase sempre à moda Gomes de Sá, que leva também batatas), da truta recheada com ervas e do toucinho do céu, um delicioso doce de amêndoa. No Porto, quem busca os prazeres da alma é igualmente bem servido. Um bom início é a Catedral da Sé, um monumento à arte gótica fincado no coração histórico da cidade. Do superior, ao qual se chega por uma escadaria, descortina-se uma bela vista panorâmica do Porto. De um lado fica a Estação São Bento, construída onde antes funcionava um antigo convento; do outro, as curvas do Douro. Grande orgulho dos moradores, a firme estrutura de ferro exemplifica a fusão do antigo com o moderno, outra das marcas características da cidade.

Bondes e carros último tipo trafegam lado a lado na movimentada avenida beira-mar. Na Boa Vista, o bairro comercial mais transado, grandes shopping centers contrastam com casas de azulejo e sacadas de ferro, enquanto hotéis de grandes cadeias internacionais perfilam ao lado de antigas pensões com plaquinhas na porta. Esse contraste se cristaliza ainda mais nos finais de tarde, quando muitos moradores vão tomar chá, como antigamente, na Casa da Boa Nova, um espaço moderno projetado por um dos grandes arquitetos europeus da atualidade, o portuense Álvaro Siza Vieira.

Primeiro, a Revolução dos Cravos, em 1974, que livrou Portugal da ditadura salazarista, abriu as portas para a vanguarda cultural. Depois, com a adesão de Portugal à Comunidade Européia, em 1986, a economia do país ganhou um novo alento, em grande parte graças aos investimentos que passou a receber dos países europeus e dos quais as maiores cidades, como Porto, foram grandes beneficiárias. Agora, com seu recato antigo e esses bem-vindos ares de modernidade, o Porto virou m show à parte - e está pronto para se tornar um dos grandes pólos turísticos da Europa.

É assim no Piemonte e na Toscana, orgulhos dos italianos, e na espanhola Andaluzia, terra do xerez, servidas por estradas bem sinalizadas e propriedades rurais abertas ao público. Já era mais do que hora de Portugal entrar no circuito dos grandes vinhos europeus, dotando a rota do Porto de uma boa infra-estrutura e divulgando-a. Hoje, há uma boa oferta de passeios para o Alto Douro, onde são cultivadas as videiras.

De carro, são 125 quilômetros em auto-estrada desde a Cidade do Porto até o ponto inicial do percurso, a pequena Peso da Régua. Pode-se também chegar a Pinhão de barco, a partir do cais do Porto. Esse passeio pelo Douro, lindo, pode ser feito nos antigos barcos usados para o transporte do vinho rio abaixo. O roteiro geralmente termina em Vila Nova de Gaia, uma pequena cidade defronte ao Porto, na outra margem do Douro, e a ele ligada pela Ponte Luís 1. Nela, ficam os armazéns dos principais importadores, como Taylor´s e Sandeman. Ao final do tour, é oferecida, de graça, uma sessão de degustação da bebida.

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