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BELO HORIZONTE

Belo Horizonte é o ponto de partida para conhecer as cidades Históricas de Minas, patrimônio brasileiro que todos nós deveríamos conhecer.

Ouro Preto é, de longe, a mais conhecida e paparicada deste roteiro. Em 1980, passou a ser a primeira do Brasil reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. Antes disso, era apenas um monumento nacional. O lugar é um dos melhores exemplos de arquitetura barroca do mundo inteiro. Vista do alto, a cidade impressiona pelas ruelas tortuosas repletas de casarões coloniais geminados, pelo mar de telhados cor de abóbora que descem e sobem ladeiras e pelas treze igrejas e sete capelas que despontam no alto das colinas. Para completar o cenário, Ouro Preto vive coberta por uma bruma que lhe dá um ar misterioso.

No finalzinho do século 17, foi lá que os bandeirantes paulistas acharam um solo plano para montar o primeiro arraial da região. A Igreja da Sé de Mariana, com uma fachada de inusitadas linhas orientais e telhado imitando um pagode chinês (influência da conquista de Macau pelos portugueses na época), só perde em riqueza e ostentação para a matriz do Pilar de Ouro Preto. No interior da Sé, um raro órgão alemão de 1701 ainda pode ser apreciado em concertos as sextas e domingos.

Ouro Preto e Mariana ficam no Vale do Tripuí, a 96 quilômetros de Belo Horizonte. É da cor escura do ferro que vem o nome ouro preto que rebatizou Vila Rica. O ouro também aflorava no Vale do Rio das Mortes, 250 quilômetros ao sul, onde estão São João Del Rei e a pequena Tiradentes. No meio do caminho fica Congonhas, que esconde outra riqueza: a obra-prima de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, considerado o maior escultor barroco das Américas.

A sexta cidade do roteiro, Sabará, fica bem mais próxima de Belo Horizonte e tem preciosidades como a Capelinha do Ó, toda adornada com motivos chineses (outra inspiração de Macau) e um teatro em estilo elisabetano.

São tantas igrejas, personagens e dados históricos que jorram da boca dos guias, que não há cristão que consiga guardar a metade. É uma das mais belas, é verdade, com fachada projetada pelo Aleijadinho, um raríssimo órgão trazido de Portugal e, no adro, um relógio de sol de 1785 que virou o símbolo da cidade. O leiteiro bate à porta, a dona de casa sai de camisola com um balde na mão e espera o moço tirar o leite de canequinha dos tonéis amarrados na sela do cavalo. Boa parte da filmagem da minissérie Hilda Furacão, da Globo, foi feita em Tiradentes, assim como Ouro Preto ambientou as minisséries globais Memorial de Maria Moura e O Grande Mentecapto, além do filme para tevê Romeu e Julieta, protagonizado por Fábio Júnior e Lucélia Santos. Na vida real, porém, Ouro Preto, então Vila Rica, também protagonizou uma história de amor shakespeareana: o romance entre Marília e Dirceu. Foi ali, no poste central, que ficou exposta a cabeça do líder da Inconfidência Mineira, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, enforcado no Rio de Janeiro, em 1792, pondo fim ao movimento da elite mineira contra os pesados impostos recolhidos pela Coroa portuguesa. Desde 1750 a extração do ouro já estava mal das pernas, mas Portugal continuava taxando a quantia fixa de 1 500 quilos de ouro anuais, sem considerar qual era a produção. Numa das extremidades, há o belo prédio do Museu da Inconfidência, que abriga os túmulos dos inconfidentes. Ao lado do museu fica a Igreja Nossa Senhora do Carmo, projetada por Manuel Francisco Lisboa, o pai do Aleijadinho. No lado oposto da praça, o Museu de Mineralogia. Descendo a Rua Cláudio Manuel, chega-se à casa de Tomás Antônio Gonzaga. Na frente da igreja funciona uma feirinha permanente de artesanato com pecinhas de pedra-sabão que custam uma ninharia.

Do lado oposto da praça fica a ladeira mais animada de Ouro Preto: a Rua Direita, onde ficam os bares freqüentados pelos 2 500 estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto. São eles os responsáveis por um aspecto da cidade que de sacra não tem nada. Existe até um tablóide informal com a programação da noite. A silhueta basta para animar a galera que passa na rua.

Uma caminhada pela parte histórica da cidade tem como parada obrigatória o Solar dos Neves, um casarão onde Dona Risoleta ainda passa as férias, e a majestosa Igreja de São Francisco de Assis, onde está enterrado Tancredo. A barbearia da Rua Getúlio Vargas, por exemplo, é um túnel do tempo. Tudo parece estar no século passado, desde os móveis até o corte do cabelo do próprio barbeiro, um simpático senhor com cinqüenta anos de profissão. A entrega do leite a cavalo ou as charretes que funcionam como táxi são puro charme. Tiradentes tem lojas charmosas e ateliês por todo lado. A Oficina de Agosto funciona no vilarejo de Vitoriano Veloso, mais conhecido como Bichinho, a 7 quilômetros de Tiradentes. A loja que vendia as criativas peças produzidas pela Oficina e também antiguidades acaba de mudar do centro de Tiradentes para uma fazenda colonial 8 quilômetros pra

lá de Bichinho. Tiradentes é, ainda, uma cidade que teve participação importante na Inconfidência Mineira. O próprio Tiradentes nasceu na região, em uma fazenda entre a sede do município e São João Del Rei. Muitas reuniões de inconfidentes aconteceram num lugar aparentemente insuspeito daqui: a casa do padre Carlos Toledo, hoje transformada em museu. No ano passado, reapareceu em São Paulo uma obra do Aleijadinho, que havia sumido da Igreja das Mercês na década de 60. Não tiveram a mesma sorte as dezoito peças de ouro pilhadas em 1973 da Matriz do Pilar, igreja mais rica de Minas e segunda do Brasil, só atrás da Igreja de São Francisco, em Salvador, a Pilar é realmente uma tentação: tem 430 quilos de ouro espalhados em seu interior. A História que se esconde por trás dessa riqueza, porém, é ainda mais preciosa seja ali em Ouro Preto ou em qualquer outra cidade deste roteiro. A temperatura é bastante agradável nas cidades históricas nesta época do ano - em torno de 20 graus. Em Ouro Preto, uma cidade cheia de ladeiras íngremes, convém ficar motorizado. Em São João, estacione o carro no centro e caminhe. Em Congonhas, pare nas proximidades da Basílica.

Subir e descer as ladeiras de Ouro Preto e Tiradentes com um sapato desconfortável só é aconselhável para pagador de promessas. Do Rio de Janeiro, vá pela BR-040, entrando para São João por Barbacena. De Belo Horizonte, são 96 km pelas BR-040 e BR-356.

PASSEIOS

Ouro Preto: As principais atrações são as igrejas de São Francisco de Assis, a Matriz do Pillar, a de Nossa Senhora da Conceição e a Matriz de Santa Efigênia dos Pretos. Também os museus da Inconfidência, de Mineralogia, a Casa dos Contos e o Teatro Municipal. Mariana: Visite a Catedral da Sé, as igrejas de São Francisco e Nossa Senhora do Carmo. A Igreja de São Pedro dos Clérigos, inacabada, é curiosa.

Congonhas: Vá à Basílica de Bom Jesus de Matozinhos.

Sabará: Vale ver a Capelinha do Ó, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e o Teatro Municipal.

São João: Passe pelo Solar dos Neves, ande pela Rua Getúlio Vargas e acabe a caminhada na Igreja de São Francisco de Assis.

Tiradentes: Visite a Matriz de Santo Antônio, o Museu do Padre Toledo, o poço dos Desejos, ande na maria-fumaça que vai até São João e veja a vista da cidade a partir do morro de São Francisco.

 

   

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