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DALLAS

Bem, uma pequena temporada no Texas é suficiente para mudar impressões superficiais. Uma das primeiras coisas para descobrir é que a capital do Texas não é Dallas. Mas também não é Houston: é Austin. Entendi também que, ao arrepio das fronteiras, o México ainda domina esse pedaço da América - não com pólvora, chumbo e bala, mas com chili, tortilla e guacamole: há 6 700 restaurantes mexicanos contra 2 025 churrascarias, segundo contas feitas em 1997.

Por conta dessa fuzarca geopolítica, no Texas, assim como em Barretos, é tudo "no úrtimo" - pelo menos em matéria de exagero e bizarrice. Na pequena cidade de Bertram, no meião do Estado, você encontra um esqueleto de dinossauro construído apenas com peças de automóveis. Em Houston existe uma funerária que desenha as últimas embalagens ao gosto do freguês - o catálogo mostra caixões com formato de Mercedes, de jato, peixe, lagosta, galinha... Aliás, o Texas é insuperavelmente pródigo na coleção de "maiores do mundo". Este último, ao contrário dos outros colossos e apesar dos 45 centímetros de diâmetro, é de carne mesmo e pode ser saboreado por justos 23, 77 dólares.

A localização de quatro das principais cidades texanas - Dallas, Houston, San Antonio e Austin - permite um roteiro triangular e muito conveniente. Comprando essa idéia, você vai circular por basicamente três rodovias: a I-45, que une Dallas a Houston, a I-10, entre Houston e San Antonio, e a I-35, que vai de San Antonio a Dallas, passando por Austin. Existe uma competição pouquíssimo velada entre Dallas e Houston - é o Rio contra São Paulo deles. Houston não entra nessa. Cercada de belos parques, dona de uma inclinação às belas artes e a certa ousadia na arquitetura, a cidade ainda se dá ao luxo de esconder parte de seu charme num dos mais extensos complexos subterrâneos dos Estados Unidos - o que em parte explica por que tem pouca gente nas ruas do centro. Outra vantagem de Houston é que o Space Center é logo ali (meia hora de carro) e Galveston, na boca do Golfo do México, também. Se você tiver de escolher um lugar do Texas para ficar dois ou três dias, não pense duas vezes.

Bem, o que falta para que San Antonio fique igual a Amsterdã está sobrando em Austin: a capital do Texas é um reino freak, onde o sexo-drogas-rock’n’roll continua em voga. Na East 6th Street, à sombra complacente do capitólio - o imponente edifício onde George W. Bush, o filho, construiu sua ascensão política - ficamos confusos com a quantidade de shows de rock e música eletrônica, discotecas e bares dançantes, um a cada dúzia de metros, o que confirma em Austin o título de "capital mundial da música ao vivo". Uma boa idéia é olhar o mapa do Texas, com todos aqueles apelos ao imaginário - Laredo, Chaparral, Maverick, Rota 66, Paris! (a do filme Paris, Texas) -, com centenas, milhares de estradinhas que levam ao desconhecido ou ao improvável, e fazer a sua viagem. Alugue uma picape no Texas. Em 1998, por exemplo, o Texas registrou 310 113 picapes contra 235 405 da Califórnia, segunda colocada. O desfile oficial acontece na área de Stockyards, em Forth Worth, toda sexta e sábado à noite - quase não se respira quando todas aceleram ao mesmo tempo. Boa sorte!

Em DALLAS Sixth Floor Museum (411 Elm Street, 214/747-6660, www.jfk.org), que tem filmes, fotos e outras relíquias do atentado a Kennedy. Em Forth Worth Stockyards, há grandes rodeios nos fins de semana. Quando estiver em HOUSTON, não deixe de ir ao Nasa Space Center (1601 Nasa Road, 281/244-2100, fax 281 /283-7724). SAN ANTONIO tem o El Mercado e suas quinquilharias mexicanas. Galveston nós conferimos: tirando a praia, é nota 10. Há construções históricas, museus, restaurantes e ótimas lojas. Ao sul de Corpus Christi fica o Kings Ranch, tida como o maior do mundo (Highway 141 West, Kingsville, 512/592-8055). Em AUSTIN, sob a Ponte da Avenida do Congresso moram cerca de 1,5 milhão de morcegos, que no verão saem em revoada todo final de tarde. Lá em cima, naquele pedaço quadrado no norte do Texas, passa a Rota 66, a estrada que durante os anos da depressão levou migrantes de um lado a outro da América. Perto de Amarillo, não perca o Cadillac Ranch - aquele dos carros espetados no chão. Mas a parte mais interessante da jornada é atravessar o Palo Duro Canyon, já no finzinho do Texas. Tem essa: o Texas uma hora acaba.

Aproveite para comprar uma panaria mexicana -Bolsa de ombro com o emblema da Nasa, em substituição a sua velha pochete-Miniaturas de monumentos históricos, como a do The Alamo, símbolo da batalha pela independência do Texas-Badulaques dos índios cheroquis -Botas de caubói de alta qualidade.

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