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JOHANESBURGO Mais de oito horas de vôo separam Johanesburgo do Rio
e de São Paulo. O que não é nem um pouco remoto se lembrarmos que a
mesma distância nos separa de Miami, nosso shopping center predileto. E
nem é preciso quebrar a cabeça para vir até aqui: vôos diretos da
South African Airways e da Varig, quatro vezes por semana, ligam os dois
países via aérea. Superados os inconvenientes logísticos, a questão é
saber o que fazer na África do Sul. Muito. Reserve pelo menos dez ou
quinze dias de suas férias para ter um panorama amplo, embora
superficial, do que é este país. O slogan oficial do turismo
sul-africano é "um mundo num país" e, embora slogans costumem
exagerar, não se pode dizer que este mente. A uma hora e meia de Johanesburgo, quase chegando à
remotíssima Botsuana, fica o complexo de Sun City, que, entre outras
coisinhas, tem uma praia artificial com ondas índicas e um hotel que se
auto-atribuiu seis estrelas. O Palace é, de fato, um delírio de 200 milhões
de dólares, onde elefantes de bronze convivem com chafarizes e tapeçarias
e onde o luxo e a fantasia foram levados ao paroxismo. O resultado visual fica na fronteira entre o brega e o
maravilhoso, mas indiscutivelmente é tão colossal que você precisa
conhecê-lo, mesmo que não tenha os 3 mil dólares que custam suas suítes
mais caras ou os mil que se cobram pelas baratinhas (não se preocupe: há
outros hotéis no complexo). De 1992, quando foi inaugurado, para cá, o Palace é
de longe a maior atração de Sun City, que na verdade é uma espécie de
parque temático, com pontes que chacoalham pela força de terremotos
artificiais e escorregadores aquáticos que despencam entre mirabolantes
jardins tropicais. São 800 milhões de dólares investidos para atrair
especialmente turistas orientais, generosamente empregados na construção
de cassinos, campos de golfe, teatros, cujos espetáculos rivalizam com o
de Vegas e outras dezenas de atrações, inclusive uma reserva natural
cheia de leões, elefantes e outros bichos. E falando em bichos, afinal, não foi por isso que você
veio para a África? Então reserve pelo menos dois dias para enfim se
sentir como Indiana Jones ou o Jim das Selvas, fazendo um safári no lugar
que, esse sim, você estava esperando encontrar. Chama-se Kruger Park,
fica na fronteira com Moçambique e tem mais ou menos o tamanho do Estado
de Israel. Ali vivem mais de 100 mil mamíferos, de 290 espécies, entre
os quais os chamados Big Five: o leão, o leopardo, o rinoceronte, o hipopótamo
e o búfalo. Fazer um safári moderno - isto é, sem armas - é um
excitante e aventuresco jogo de esconde-esconde. Os jogadores são você
com seu carro (sem o qual você será possivelmente devorado) e os
animais. O tabuleiro é uma região de campos e arbustos, aparentada das
savanas quenianas. O objetivo é encontrar os bichos. Não vale girafa,
babuíno, impala, zebra, gnu ou hiena. Esses são fáceis demais. Você
tem de tentar avistar os cinco grandes, nem que para isso faça várias
tentativas (os melhores horários são de manhã bem cedo ou no final da
tarde). Se conseguir, ganhou. Se puder vê-los, ainda por cima, mastigando
um antílope ou um javali, então é safári premiado. Há, basicamente, duas maneiras de fazer um safári. A
mais econômica é hospedar-se nos alojamentos públicos do parque, dos
quais o maior é o Skukuza Camp. Nesse caso, você vai precisar alugar um
carro e percorrer as estradas liberadas (quase todas asfaltadas) olhando
atentamente até achar. A outra é escolher um dos muitos campos privados
da região, onde você vai ter hospedagem de primeira e emoção mais autêntica,
circulando em Land Rovers abertos, guiados por rangers armados
acompanhados de rastreadores experientes. Ao contrário dos carros
alugados, os jipões com cara de África não ficam nas estradas, mas
enveredam pelo meio do mato, aumentando sensivelmente sua chance de topar
com um elefante, muitas vezes decidido a virar o veículo com todos os
seus passageiros. Safári é assim mesmo: sustos intercalados por sensações
primitivas que você nem imaginava que existissem. Riscos? Poucos para
quem respeitar duas normas: não sair do carro em hipótese nenhuma e não
trafegar a mais de 50 quilômetros por hora, porque uma trombada com um
rinoceronte é fatal - e não para ele! Encerrado esse trajeto, você não será exatamente um
expert em África, mas, com certeza, terá passado férias memoráveis.
Sem dizer que sua percepção sobre a África do Sul sofrerá profundas
mudanças. Não mais aquele continente remoto, que com certeza está quilômetros
ao norte da civilização que se desenvolveu por aqui. Não mais aquele país
sombrio onde homens mastigavam homens como hienas fazem com pequenos
roedores nas selvas. O país que amanhece nesta parte do mundo ainda está
sujeito a chuvas e trovoadas. Mas pode-se perceber o arco-íris de Desmond
Tutu começando a luzir no horizonte. Quase em linha reta para leste, a África do Sul fica
cinco horas adiante do Brasil (horário de Brasília). A partir de 15 de
outubro, com o início do nosso horário de verão, a diferença cai para
4 horas. O que ainda dá muita canseira na chegada. No verão (que coincide com o nosso), faz um calor
semelhante ao do Rio, com chuvas à tarde. Agora, uma surpresa: o inverno
pode ser muito frio, com temperaturas abaixo de zero e até um pouco de
neve. Quem diria? Leve roupas esportivas para usar quase sempre. Se você for ficar no
hotel seis estrelas, leve terno e gravata para não se sentir deslocado.
Deixe o boné em casa: na África do Sul há uma enorme variedade de chapéus
de safári. As rodovias são excelentes, mas com grandes distâncias
e mão inglesa de direção, o melhor é você usar a excelente
infra-estrutura aeronáutica. A África do Sul tem boas companhias aéreas,
das quais a maior é a South African Airways (SAA). Há risco de se contrair malária na região do Kruger
Park, especialmente nos meses de verão. Por isso, é obrigatório
vacinar-se antes de sair do Brasil. Pode-se fazê-lo nos aeroportos
internacionais. É de graça e nem dói muito. Vacine-se dez dias antes de
embarcar. Se você quer ter uma visão razoável do país, fique
pelo menos uma semana. Chegando à África do Sul, procure o balcão da
Satour,
a empresa oficial de turismo pois como a África do Sul estava fora do circuito, não há
muitos guias turísticos atualizados disponíveis no Brasil. O serviço de 10% já vem incluído nas notas dos
restaurantes. Para o carregador de malas dê 5 rands (pouco mais de um
real por volume). Os motoristas de táxi esperam algo em torno de 10 ou
15%.
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